quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mãos dadas – Carlos Drummond de Andrade

Imagem retirada daqui
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos,
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer,
a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

4 comentários:

Grelhada disse...

Lindo, Alebana!
Não conhecia,
Bjos

Ana, professora disse...

Together we stand!

AnaC disse...

Inganei-me, tava a comentar no Umbigo e deixei ficar o professora:-)

Ainda bem que o meu objectivo não é o anonimato!

margarida soares franco disse...

Muito bonito este poema!!

Não nos podemos esquecer que ""enquanto há vida há esperança, que é a última a morrer""

Beijinhos